Consciência sobre a comida no seu prato – Você conhece toda a cadeia da sua comida?

Quando você pensa em sustentabilidade, o que vem primeiro? Economizar água, reciclar, não poluir? Agora pense na atividade mais básica do seu dia a dia : sua alimentação! Saber como o alimento chegou na sua mesa é uma das formas mais efetivas de contribuir para um mundo mais sustentável.
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DESPERDÍCIO X FOME

No Brasil 26,3 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano. Quantidade suficiente para distribuir 131,5 kg para cada brasileiro ou 3,76kg para cada habitante do planeta. Daria para alimentar os 13 milhões de brasileiros que passam fome segundo dados da (FAO).

Nas casas brasileiras os alimentos mais jogados fora são: arroz, feijão, carne vermelha e frango. Ainda de acordo com a (FAO) quase metade do que é colhido entre frutas, hortaliças, raizes e tubérculos é jogado fora. Logo após vem os cereais com 30% de desperdício e 20% entre os pescados, carne de gado e produtos lácteos. Animais são mortos e usados de forma cruel e grande parte disso vai pro lixo!

Com todo esse montante jogado fora, a emissão dos gases que resultam dessa decomposição dos alimentos é igual a poluição de dióxido de carbono de todo parque automotivo do mundo. Além do forte impacto na saúde pública com transmissão de enfermidades, o apodrecimento dos alimentos tem alto custo. 1/3 de todo recurso e energia na produção é perdido.

PORQUE DESPERDIÇAMOS?

O desperdício vai além. O descarte acontece em todos os pontos da cadeia: Local (campo), logística (transporte e manuseamento errado), varejo (supermercados, sacolão, feiras, açougue) e claro, nós, os consumidores!

Claramente vemos nossas estradas cada vez piores, fazendo com que a logística de transporte desses alimentos tenha muita perda e prejuízos. Além disso, já reparou que quando vai ao mercado ou feira, escolhemos frutas e verduras com aparência perfeita, rejeitando o feio que está perfeito para o consumo. Esse descarte também é feito pelos mercados e feiras. Por lei, os restaurantes não podem doar a sobra ! Um absurdo que precisa ser revisto.

CULTURA DO DESPERDÍCIO

Primeiramente estudos mostram que é um hábito. 49% dos brasileiros jogam comida fora diariamente. Fazemos isso por não conhecer ou por não procurar saber. Sabe aquela zona de conforto que faz a gente comprar mais alimentos por achar que não tem nada de bom na geladeira? Com isso consumimos mais e mais e consequentemente jogamos cada vez mais alimentos no lixo.

A IMPORTÂNCIA DO CONSUMO LOCAL

Definitivamente você ajuda o planeta consumindo local. Encurta o caminho entre a colheita e sua casa! Com isso, consumimos menos combustível, menos energia no processo, menos embalagem (não precisa ser muito embalado pois a viagem é mais curta), com isso menos lixo. Você economiza dinheiro, promove a economia local gerando mais empregos para sua cidade e região. Os produtos são mais frescos e aumenta a preservação dos espaços rurais e o fortalecimento da agricultura familiar .

AGRICULTURA FAMILIAR  

A ONU instituiu em 2017 o decénio internacional da agricultura familiar (2019 – 2028). A importância dessa agricultura é tamanha, pois ela representa 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros e 77% dos empregos da agropecuária do país.

A grande maioria (cerca de 70%) das pessoas que sofrem de fome no mundo vive em áreas rurais pobres de países em desenvolvimento. Muitos deles são agricultores familiares de subsistência, o que inclui camponeses, pastores, pescadores .

PENSE! A maioria das pessoas que estão na linha de fome  são as pessoas responsáveis por alimentar o mundo!

No Brasil, apesar de alguns programas de incentivo a agricultura familiar , o governo congelou diversas modalidades, alegando falta de orçamento. Apenas 14% dos financiamentos e 23% das terras são para as famílias agricultoras.

Essa cultura segue práticas que preservam o meio ambiente e a biodiversidade, sem provocar o desmatamento e o uso intensivo de água e o esgotamento do solo. Garante a segurança alimentar com a grande diversidade de alimentos.

O AGRONEGÓCIO

Em contrapartida temos o agronegócio cada vez mais forte. Ai você pensa: – O agronegócio também produz comida! Não, ele produz commodities!

A maior parte desses produtos produzidos pela indústria vai para exportação. A soja que é a maior monocultura produzida no Brasil é um exemplo de como funciona a cadeia das commodities. Usam grãos transgênicos e agrotóxicos, pois em uma monocultura como se está cultivando só um tipo de cultura desencadeia problemas de pragas, ervas daninhas sem controle e perda de produtividade porque tiram o equilibrio do solo química, física e biologicamente.

80% de toda soja produzida vira ração para o sistema de “produção”animal. Esse grão é a principal fonte de proteína para os animais alimentados com ração. Com isso vemos hoje nossos biomas serem desmatados e queimados pois as monoculturas e a criação de pasto para colocar gado está dominando todo o sistema.

A soja e o boi são umas das maiores commodities do Brasil.

Mas, o que é commodities? Traduzindo é mercadoria. São produzidas em alta escala, tem importância mundial e sobrevivem da economia mundial . Se tem alta procura pelo produtos o preço sobe e os produtores ganham , se houver crise , a demanda despenca e os produtores tem prejuízo.

ENTENDENDO MELHOR…

“A bancada ruralista e o agronegócio dizem que estão produzindo, exportando, gerando riqueza, mas estamos produzindo dois ou três produtos. O Brasil, apesar de exportar uma parte significativa do que produz, não produz o suficiente para a sua própria população. Essa discussão entre produção de alimentos e insegurança alimentar não passa só pela produção em si, mas pelo que se produz, como se produz e para quem se produz. Pensar em produção de alimento, portanto não de grãos, significa pensar na produção da diversidade, e não necessariamente significa aumentar a quantidade de produção.

No caso do feijão, o Brasil era produtor autossuficiente – inclusive, nós exportávamos. Mas a lógica passa pelo preço, e no mercado internacional, a demanda pela soja, e também os seus preços, estão mais elevados. Portanto, estão substituindo os cultivos. Por exemplo, o pequeno agricultor do centro-oeste, onde se produzia feijão, não consegue mais cultivar o alimento, porque a soja levou para a região uma lagarta branca, que não faz mal a ela, mas ataca o feijão.

A questão chave não é que precisamos de mais terras. Quando esse argumento é utilizado pelo setor patronal, ele sempre está pensado na floresta, nos biomas, nas áreas de preservação, quando, na verdade, o sistema do agronegócio já incorporou uma área tão grande, que a gente poderia, só em termos produtivistas, dobrar a produção ou mais sem avançar sobre o cerrado, sobre a Mata Atlântica, sobre a Amazônia.” Sergio Sauer

QUAIS SÃO AS VANTAGENS DOS ORGÂNICOS?

É uma produção com alta capacidade de alimentar a população com saúde socioambiental!

Quem tem o hábito de consumir sabe que o sabor é inigualável ! Do ponto de vista ambiental produz menos impacto no solo, como não usa agrotóxicos , não contamina os lençóis freáticos, rios e mananciais , a diversidade de alimentos na agricultura orgânica e das agroflorestas equilibra a flora e fauna e movimenta a economia local; Como não há incentivos financeiros como no agronegócio, os preços são mais altos.

Mas vale a pena o pensamento : Quanto vale a sua saúde? Quanto vale a saúde do planeta?

A questão é começarmos a pressionar as políticas de incentivo para que os preços fiquem mais acessíveis para todos!

Para finalizar, estude e pesquise sobre aproveitar o máximo seu alimento, de folhas a caule, faça a sua hortinha! Procure saber quem são os produtores próximos da sua casa. Tenha uma composteira, com ela você retorna seus resíduos orgânicos para terra e deixa de mandar kilos de restos para os lixões ! Recicle!

Faça um bem para sua saúde descascando mais e desembalando menos. Diminua a quantidade de carne da sua dieta.

Fico disponível para enviar mais dicas de como começar novos hábitos que farão você mudar sua saúde, protegendo o meio ambiente e os animais!

tatianagiacoia@hotmail.com

@tatigiacoia

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